Telemedicina, espólio de guerra

Autoria: Dr. Rafael Machado, CRM 33.480-RS

Infelizmente, cada vez mais comprovamos que o ser humano está sempre em guerra. Seja por sua sobrevivência, seja contra si próprio, um vírus, terremoto, tsunami ou sabe-se lá qual o próximo desafio. Se formos mais adentro deste "buraco do coelho", parece que precisamos deste obstáculo para termos algum senso de motivo da vida e apaziguar as clássicas perguntas sem resposta do porquê existimos, de onde viemos, para onde vamos, e por aí vai.

Pois, surpreendentemente, destas tragédias mundiais também conseguimos tirar algo de bom, os "espólios de guerra". Das Guerras Mundiais tivemos grande desenvolvimento de tecnologias, invenções desde o absorvente íntimo até computadores. Da pandemia de COVID-19 não poderia ser diferente: tivemos, entre outros avanços, o advento da Telessaúde.

Durante a pandemia e seu consequente lockdown, as pessoas literalmente não podiam sair de suas casas, algo que por gerações não se havia visto. Neste meio tempo, ainda era preciso cuidar da saúde enquanto hospitais tornaram-se inacessíveis por lotação e atendiam apenas emergências. Aqueles que conseguiram se manter seguros em casa, usufruíram da internet para remotamente trabalhar, estudar, ouvir lives musicais, aprender a fazer os mais variados tipos de pães, e por aí vai.

E foi neste meio que nós, profissionais da saúde, tivemos que desenvolver e colocar em uso o atendimento médico remoto, a Telessaúde. Algo que provavelmente levaria anos para ser instituído precisou ser colocado em prática em dois meses... 

Entre erros e acertos, conseguimos e hoje a Telemedicina é uma realidade. Conseguimos levar atendimento médico a todos os recantos do Brasil. Assim, as pessoas que antes não tinham acesso a médicos em razão de distância, insegurança, custo, riscos e/ou demora e esperas, agora conseguem suas consultas imediatamente ao clicar em um botão!

A Telemedicina conseguiu algo raro no Brasil: democratizar a Saúde. Antes, o foco da Assistência era nos médicos, nos monopólios das Operadoras de Saúde e na ineficiência do SUS. Agora o poder chegou ao paciente que, com uma conexão da internet, muitas vezes a preços modestos, consegue o atendimento médico tão necessário, suas receitas, pedidos de exames, atestados, laudos e encaminhamentos, todos enviados digitalmente à palma da sua mão no smartphone.

Claro que com todo poder vem a responsabilidade e com toda inovação vem os desafios. Todos os envolvidos na Telessaúde são pioneiros e, com isso, precisam desbravar este novo território com toda ética para criar estes novos caminhos da forma mais correta possível, evitando desvios.

E a inovação também trouxe obstáculos. O primeiro é a quebra do status-quo, ou seja, a difícil missão de rompermos com as Instituições e profissionais que mantinham o Sistema viciado, monopolizado e insolúvel. Fato extremamente difícil de se transformar pois estes personagens são exatamente aqueles que detém o poder na Saúde há séculos.

Mas mantendo a fé e o trabalho correto é possível solucionar o segundo desafio: novas liberdades precisam ser monitoradas para não se tornarem libertinagem. Portanto, nós médicos precisamos, mais do que nunca, seguir nosso Código de Ética a fim de garantir que esta nova e fantástica ferramenta possa crescer e se desenvolver dentro de todas as diretrizes de completa e indiscutível correção.

Atualmente me sinto como os navegadores da antiguidade, desbravadores do Novo Mundo: não sabemos o que vem pela frente, claro, mas sabemos que estamos criando um futuro melhor e assim devemos fazê-lo com ética, coragem e trabalho árduo.

E uma coisa é certa: a Telemedicina veio para ficar e inclusive já evoluiu: agora existem as modalidades Teleconsulta e Tele Interconsulta e nos formatos Síncrono e Assíncrono. Vale a pena conhecê-los e testá-los. Para isso, sugiro acompanharem o Olá Doutor, o primeiro aplicativo de consultas médicas assíncronas via chat.